Uma série de documentos obtidos pela imprensa e revelados pela reportagem especial da Revista Oeste expõe a existência de um suposto “gabinete paralelo” comandado pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação, batizada de Vaza Toga, aponta a fabricação de relatórios, a prática de censura contra veículos de comunicação, o bloqueio de plataformas digitais e até a perseguição direta a opositores políticos.

De acordo com o material revelado, as ordens partiam diretamente de Moraes e eram executadas por assessores e técnicos ligados ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem descreve esse núcleo de atuação como uma espécie de “polícia política informal”, que decidia quais alvos deveriam ser enquadrados e produzia documentos sob medida para justificar ações judiciais.

Comparação com regimes autoritários

A publicação compara o funcionamento do gabinete paralelo à lógica de regimes totalitários, citando o exemplo do soviético Lavrenti Beria, que determinava primeiro o inimigo e depois fabricava as acusações. A reportagem afirma que esse método teria sido reproduzido dentro das instituições brasileiras.

Casos de censura e perseguição

Entre os exemplos levantados está a desmonetização do canal da Revista Oeste no YouTube, em dezembro de 2022. Documentos mostram que o assessor Airton Vieira pressionou o TSE a produzir um relatório que justificasse a medida, que deixou o veículo sem acesso à receita da plataforma por mais de um ano.

Além disso, diversos jornalistas e influenciadores, como Allan dos Santos, Ludmila Lins Grilo, Paulo Figueiredo, Guilherme Fiuza e Rodrigo Constantino, teriam sido alvo de ações como cancelamento de passaportes, bloqueio de contas bancárias, denúncias criminais e até pedidos de prisão.

Certidões “positiva” e “negativa”

A investigação ainda aponta a criação de documentos internos apelidados de “certidões positiva/negativa”, usados como uma espécie de selo de culpabilidade. A “certidão negativa” liberava o investigado, enquanto a “positiva” resultava em medidas duras, como prisões ou bloqueios de bens. Um caminhoneiro chegou a ser punido apenas por compartilhar memes do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Possíveis desdobramentos

A gravidade das revelações reforçou movimentos no Congresso para instalação de uma CPMI da Vaza Toga, com objetivo de investigar a atuação paralela dentro do STF e do TSE. O caso pode ter desdobramentos políticos relevantes nos próximos meses, em meio a debates sobre liberdade de expressão, limites institucionais e o futuro da democracia brasileira.