O setor produtivo de Mato Grosso voltou a cobrar mudanças urgentes no sistema CAR Digital 2.0, após uma série de falhas provocar multas e entraves burocráticos para quem depende da irrigação em suas propriedades. A discussão ganhou força em reunião realizada na última semana semana por entidades ligadas ao agronegócio, que decidiram buscar uma agenda direta com o governador Mauro Mendes (União Brasil) para tratar do problema.

As queixas são recorrentes: o sistema, ferramenta essencial para comprovação de regularidade ambiental, tem apresentado erros como a indicação de cursos d’água e estradas em locais onde eles simplesmente não existem. Essas inconsistências acabam gerando notificações, autuações e dificultam a liberação de projetos de irrigação em várias regiões do estado.

Na reunião, participaram representantes da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), da Frente Parlamentar da Agropecuária estadual (FPA-MT), do Fórum Agro MT e da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais (Amef). O grupo avaliou como “quase provocativa” a resposta dada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) às reivindicações apresentadas anteriormente. Segundo o coordenador da FPA-MT, deputado Dilmar Dal Bosco (União Brasil), o retorno da secretaria não correspondeu à gravidade do problema enfrentado pelos irrigantes.

Diante da falta de avanços, os representantes decidiram acionar o governador. A expectativa é de que, em uma conversa direta, seja possível destravar soluções mais rápidas para ajustar o CAR e dar segurança jurídica aos produtores.

Outro ponto levantado no encontro foi o impacto de vetos à Lei Geral de Licenciamento Ambiental. O ex-ministro da Agricultura Neri Geller alertou que, caso seja mantida a exigência de aprovação do CAR para dispensar licenciamento em alguns casos, milhares de produtores podem ficar inadimplentes — já que muitos não conseguem sequer validar seus cadastros diante das falhas atuais.

O impasse acende um alerta em Mato Grosso, maior produtor agrícola do país, onde a irrigação é vista como estratégica para ampliar a produtividade e garantir competitividade no mercado internacional. Para o setor, sem ajustes no sistema e diálogo mais efetivo com o governo, o risco é de travar investimentos e comprometer a segurança alimentar e econômica do estado.