Em pouco mais de um ano, o número de pessoas vivendo nas ruas no Brasil passou de 160 mil para aproximadamente 345 mil, segundo levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O crescimento de mais de 100% ocorre mesmo após o lançamento do Plano “Ruas Visíveis”, em dezembro de 2023, que previa investimento de R$ 1 bilhão para enfrentar a miséria urbana por meio de assistência social, segurança alimentar, habitação, saúde, trabalho, renda e a realização de um censo nacional.

Apesar do alto investimento, os dados indicam que as medidas adotadas não foram suficientes para conter a expansão da população em situação de rua. Especialistas atribuem o aumento à combinação de uma economia em declínio, com desemprego e informalidade crescentes, aumento do custo de vida e ausência de políticas estruturantes que promovam autonomia e oportunidades reais.

O levantamento mostra ainda que mais de 60% da população em situação de rua está concentrada na Região Sudeste, enquanto a Região Norte representa menos de 5%. Entre os estados, São Paulo lidera o ranking com 146.940 pessoas, seguido por Rio de Janeiro (31.693), Minas Gerais (31.410), Bahia (15.045) e Paraná (13.854).

O cenário evidencia que programas assistenciais de alto custo, sem uma estratégia econômica sustentável, apresentam alcance limitado. Especialistas alertam que, enquanto os gastos sociais permanecem elevados, a ausência de crescimento econômico consistente e de políticas eficazes de geração de emprego ameaça transformar a crise social em um problema crônico e irreversível.

 

Via Folha do Estado.