A decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre a importação de carne bovina brasileira já provoca reflexos diretos em Mato Grosso. Frigoríficos instalados no estado começaram a suspender as compras de gado e adotaram férias coletivas para parte dos funcionários, gerando preocupação entre produtores e trabalhadores do setor.

De acordo com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), várias unidades paralisaram temporariamente a compra de animais e ampliaram a escala de abates, com o objetivo de evitar estoques diante da incerteza no mercado externo. A medida, segundo representantes do setor, é uma tentativa de reequilibrar a oferta diante da possível queda nas exportações.

A restrição imposta pelos EUA, um dos principais mercados compradores, pode reduzir a competitividade da carne brasileira frente a concorrentes como Argentina e Austrália. Apesar de os Estados Unidos representarem cerca de 2% do volume total exportado, o impacto psicológico e comercial da medida levou frigoríficos a agir de forma cautelosa.

Em algumas plantas do estado, os trabalhadores já foram comunicados sobre a concessão de férias coletivas. Em outras, a produção foi reduzida, com expectativa de retomada apenas após a estabilização do cenário internacional. 

A cotação da arroba do boi gordo, que vinha em alta nas últimas semanas, já apresenta sinais de recuo diante da retração do mercado. Para os pecuaristas, a situação é especialmente delicada, já que muitos dependem da venda de gado neste período de seca, quando os pastos perdem qualidade e os animais começam a perder peso.

A Acrimat e outras entidades do setor esperam que o governo brasileiro busque um acordo diplomático para reverter ou minimizar os efeitos da tarifa, considerada abusiva e prejudicial à cadeia produtiva da carne no país.

Enquanto isso, frigoríficos e pecuaristas seguem em compasso de espera, monitorando os desdobramentos da medida e torcendo por uma solução rápida que evite prejuízos maiores à economia de Mato Grosso.