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A região do Arapoanga amanheceu sob comoção. Incêndio em um barraco de madeirite, que fica no Bairro Nossa Senhora de Fátima, às margens da DF-230, matou cinco pessoas da mesma família. O fogo teve início na noite de segunda-feira e toda a moradia foi rapidamente consumida pelas chamas. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 16ª Delegacia de Polícia, investiga as causas. As vítimas da tragédia foram Ione da Conceição, 47 anos; Eulália Narim da Conceição Pereira, 5; Sophya Hellena Conceição Costa, 8; Marybella Marinho da Silva, 9; e Kethleen Vitoria da Conceição Silva, 14. A tentativa de socorro por parte dos vizinhos e do Corpo de Bombeiros (CBMDF) foi dificultada, pelo fato de que a porta da casa estava trancada com um cadeado.Em depoimento à polícia, moradores próximos afirmaram que Ione tinha um altar religioso no imóvel e costumava acender uma vela todas as segundas-feiras. Responsável pela investigação do incêndio, o delegado-chefe da 16ª DP, Richard Moreira, disse ao Correio que nenhuma possibilidade é descartada. No entanto, não há, segundo ele, nenhum elemento que indique um crime intencional."Temos que aguardar a perícia para dar uma resposta mais precisa, mas a hipótese provável é de que se trata de um acidente, talvez envolvendo uma vela que a moradora utilizava em homenagem à mãe falecida", detalhou. "A gente não tem, por enquanto, nenhum elemento que indique uma hipótese diferente dessa", acrescentou o delegado.Questionado sobre quanto tempo levará para que o inquérito seja concluído, Moreira comentou que a PCDF está trabalhando com prioridade máxima no caso. "Tanto o Instituto Médico Legal (IML) quanto o Instituto de Criminalística (IC) estão empenhados e vão dar prioridade máxima na conclusão desses laudos", destacou. O delegado-chefe da 16ª DP informou que familiares disponibilizaram material genético para auxiliar na identificação dos corpos.DesesperoO açougueiro Gilson Lopes de Souza, 38 anos, mora na região e, ao saber das chamas, não pensou duas vezes antes de se juntar ao grupo que tentava apagar o incêndio. Com voz embargada, lamentou que foi tudo muito rápido e, infelizmente, não houve tempo para salvar as vítimas. "Quando cheguei, o fogo tinha se alastrado e tinha muita gente tentando apagar, mas, para nós, não tinha o que fazer, as chamas eram muito altas e a casa foi consumida muito rápido. Tinha gente que queria entrar dentro do fogo para pegar as crianças, mas a única coisa que pude fazer foi acalmar os familiares, foi assustador", lembrou.Abalada, Valquiria Monteiro, vice-diretora da Escola Classe 5, onde as irmãs Sophya Hellena e Marybella Marinho estudavam, contou que as meninas foram à escola na segunda-feira e passaram a tarde sorrindo e brincando com os amigos. "Elas eram extremamente amorosas e tranquilas, estavam sempre muito felizes e eram crianças saudáveis. Brincaram muito, tiraram fotos com a professora e, agora, não estão mais com a gente; eu não tenho palavras, estamos abalados." Logo que a notícia foi recebida, as aulas foram suspensas na escola. A família tinha três cachorrinhos de estimação. Quando as chamas começaram, dois animais estavam dentro da residência, presos com coleiras e, por isso, não conseguiram escapar do fogo. Na manhã de ontem, quando a reportagem esteve no local da tragédia, encontrou o cão que sobreviveu deitado em meio aos escombros, como se estivesse a esperar o retorno daqueles que jamais voltarão.IrregularAlém da dor da perda dos conhecidos, a comunidade de Arapoanga reclamou da falta de infraestrutura no local, que é uma ocupação irregular. Segundo os moradores o fornecimento de água e de energia elétrica é feito por meio de "gatos" (instalações ilegais) e que pediram auxílio ao governo por diversas vezes, mas não foram ouvidos. "Esperaram uma tragédia acontecer para virem aqui, eles nunca pisaram o pé nesse barro antes", disse Ruth Ribeiro, 68. Administrador de Arapoanga, Sérgio de Araújo informou que a área onde os barracos estão localizados é particular, mas garantiu que, a partir de agora, uma força-tarefa será iniciada em busca de uma solução para os moradores. "A Defesa Civil está na região para fazer o levantamento do número de famílias e barracos que há no local, para que a gente possa ver as possibilidades de regularizar e assentar essas pessoas em um lugar mais adequado", disse Sérgio.ApoioPor meio de suas redes sociais, o governador Ibaneis Rocha (MDB) lamentou o incêndio. Ele ressaltou que a capital amanheceu triste e que o Corpo de Bombeiros "fez de tudo" para resgatar as vítimas com vida. "Infelizmente, não teve sucesso. Neste momento de dor, estendo meu apoio aos familiares e amigos. Sigo acompanhando a situação. A Secretaria de Desenvolvimento Social está prestando toda a assistência aos familiares", declarou.A vice-governadora Celina Leão (PP) esteve com a mãe das crianças falecidas para prestar solidariedade. Ela se pronunciou, também por meio das redes sociais. "É com profundo pesar que recebemos a notícia do trágico falecimento da família envolvida no incêndio ocorrido em Planaltina. O GDF acompanha de perto a apuração da causa do incêndio e está ao lado da família, nesse momento de dor. Expressamos nossa mais sincera solidariedade e sentimentos à família enlutada, amigos e a toda a comunidade impactada por esta terrível tragédia", escreveu.Fonte: Correio Braziliense
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