O prefeito de Matupá, Bruno Mena (UB), utilizou as redes sociais para tentar confundir a população do município quanto as investigações que sua gestão enfrenta junto aos órgãos de controle e fiscalização em relação ao convênio de R$ 25 milhões firmado com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tendo como objeto melhorias da infraestrutura do setor produtivo do município, no caso as estradas E-60 e MT 419.
 
   Em vídeo publicado nesta sexta-feira, Mena tenta se fazer de vítima diante da atuação dos vereadores Marcos Icassatti Porte(MDB), José de Jesus Louredo(PL) e Carmilton Lopes Jorge(PL) devido ao fato deles terem protocolado no mês passado pedidos de investigação junto à Superintendência da Polícia Federal de Sinop, Ministério Público Federal, Procuradoria Geral da República - Unidade Sinop, Núcleo de Ações de Competências Originárias-Naco e CGU - Controladoria Geral da União, SEMA-MT e Agência Nacional de Mineração.
 
 
   Para os autores das denúncias, o prefeito mente sem o mínimo de pudor, descaradamente, ao aparecer no vídeo segurando um papel afirmando ter sido inocentado pela Polícia Federal, o que não é verdade uma vez que as investigações estão em pleno andamento.
 
   “Queremos que o prefeito mostre onde está a afirmação da Polícia Federal de que teria sido uma denúncia vazia, conforme foi dito no vídeo. O senhor sabe que está mentindo, pois não há nenhuma citação da Polícia Federal de que a denuncia foi um “copia e cola” como o senhor garantiu e pode ter certeza que vossa excelência será responsabilizado por afirmação falsa atribuída a uma instituição da maior seriedade que é a Polícia Federal”, disse ao Nortão Agora o vereador José Louredo. 
 
   No vídeo, o papel que aparece nas mãos de Bruno Mena refere-se a uma decisão do Núcleo de Ações de Competências Originárias – NACO, ligado ao Ministério Público Estadual quanto ao processo licitatório, que conforme o MP, transcorreu dentro dos trâmites normais, porém não remete e não faz referência alguma ao mérito das graves denúncias apresentadas.
 
   “Quanto ao processo licitatório, ou seja, a parte técnica é provável que esteja correta pois a equipe da prefeitura responsável pela elaboração da licitação é bastante competente, tendo sido formada na gestão do ex-prefeito Valtinho Miotto. A questão não é essa. A questão são as graves irregularidades na execução do projeto que constatamos em visita ao local das obras e no farto volume de documentos obtidos via requerimentos junto a administração municipal”, salientou o vereador Carmilton. 
 
Bruno Mena e Celso Sorgatto administram o município desde de 2021
 
Relembre as denúncias
 
   Dentre as denúncias apuradas pelos vereadores consta que em mais de 70% do trecho da E-60 e MT-419 a ser recuperado já existe uma densa camada de cascalho que chega a 30 centímetros de espessura. 
 
   Questionado via requerimento sobre o reaproveitamento do material o prefeito Bruno Mena disse na resposta enviada ao Poder Legislativo "não levar em consideração o cascalho ali existente.", ou seja, o prefeito desconsiderou o principal objeto do contrato.
 
   “Estaria então a gestão municipal despejando cascalho de forma desnecessária onde já existe material suficiente ou seria uma maquiagem (manobra), uma espécie de “faz de conta que estamos fazendo”, para justificar o desvio de recursos do convênio com o MAPA?”, questionaram os vereadores quando da apresentação das denúncias.
 
 
Projeto eivado de vícios e irregularidades
 
   O contrato que é objeto das denúncias começou a ser executado no ano passado em um trecho de aproximadamente 6 km entre a MT-322(antiga 080) e a Linha do Cemitério, praticamente no perímetro urbano.
 
   As irregularidades de acordo com os vereadores, já ocorriam no início dos serviços. O material utilizado na recuperação daquele trecho, conforme a denúncia, foi extraído de uma cascalheira que não possui licenciamento, existente a menos de 5 km da estrada.
 
   No entanto, para a formação dos valores referentes ao transporte do material, utilizou-se como referência a única cascalheira licenciada que fica a 90 km de onde o projeto começou a ser executado, dando margem aos denunciantes em concluir que está ocorrendo uma manobra ou maquiagem para justificar despesas com serviços de transporte não realizado e por consequência, desviar recursos públicos destinados à obra.
 
   Senão vejamos; qual o custo para o município do deslocamento de um caminhão carregado com cascalho ao longo de um percurso de 90 km? E quanto custa transportar o mesmo material de uma cascalheira (sem licenciamento) localizada a cerca de 5 Km do local da obra?
 
   Está claro e evidente que, com total conivência do prefeito Bruno Mena, a empresa que executa a obra se serviu da cascalheira mais próxima, sem licenciamento, como forma de baratear substancialmente os custos. Todavia, no momento da formação do preço, ou seja, na hora de calcular a quilometragem rodada, cita a outra jazida (cascalheira) localizada a 90 KM, o que para os vereadores é seguramente uma manobra para justificar o desvio de verbas do convênio.
 
 
A verdade dos fatos
 
   Diferentemente do que disse o prefeito Bruno Mena em suas redes sociais, os vereadores Icassatti, Carmilton e Loureiro afirmam categoricamente que essas e as demais denúncias em torno do projeto seguem sendo minuciosamente investigadas pela Polícia Federal e demais órgãos notificados, pois são consideradas gravíssimas.
 
   E os vereadores vão além; afirmam que vão protocolar nova denúncia contra o prefeito Bruno Mena, agora pelo uso indevido do nome da Polícia Federal no vídeo publicado nesta sexta-feira pelo atual gestor de Matupá.

 

Fonte: Nortão Agora