Filho de família influente no município de Alta Floresta, Valdir Siqueira Júnior está foragido da Justiça, acusado de ter atropelado e matado uma família em maio de 2020.

As investigações apontam que ele estava alcoolizado e em alta velocidade quando tentou realizar uma ultrapassagem indevida e atingiu em cheio o veículo das vítimas, que voltavam de um passeio em um pesqueiro a três quilômetros de casa.

Preso depois de ter sido localizado em um hospital particular da região, Valdir, que é filho de um fazendeiro na cidade, foi indiciado por quatro crimes.

“O cidadão foi preso em flagrante delito e foi indiciado por quatro crimes, homicídio qualificado na forma do dolo eventual, por embriaguez ao volante, pela fuga do local do acidente e por lesão corporal culposa do Código de Trânsito Brasileiro”, afirmou o delegado Thiago Marques Berger em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Record TV.

Durante a pandemia, a defesa de Valdir conseguiu que a Justiça convertesse a prisão preventiva em domiciliar.

A medida foi associada ao monitoramento por tornozeleira eletrônica, e a uma série de restrições como não sair à noite, não dirigir e não consumir bebidas alcoólicas.

Valdir, no entanto, era corriqueiramente flagrado circulando pela vida noturna da cidade. Moradores indignados com a postura registravam as cenas e denunciavam o caso à Polícia (confira as imagens abaixo).

De acordo com o processo, Valdir infringiu pelo menos 74 vezes as determinações impostas pela Justiça e foi, novamente, preso em julho de 2022.

A defesa conseguiu, mais uma vez, uma forma de tirá-lo da cadeia, por meio de um habeas corpus assinado por um juiz plantonista. A decisão foi revogada cerca de três meses depois por um conjunto de desembargadores.

Desde então Valdir não foi mais localizado pela Polícia, que recebeu denúncias de que ele teria fugido para o Paraguai.

As vítimas do acidente foram o casal Jacinto Faquinello, de 50 anos, e Elizandra Aparecida de Feitas, de 34, o filho deles, João Vitor Freitas, de 5, e a sobrinha Nicoli Gabrieli Rodrigues de Freitas, de 9.

Família desolada

Familiares das vítimas foram ouvidas pelo programa após dois anos e meio da tragédia. Eles ainda esperam que a Justiça seja feira.

“Falaram sua irmã morreu, o João também e parece que sua filha também. Na hora você pensa ‘ah, mentira, é mentira’. Aí você fica meio em pane porque não quer acreditar”, contou Eleandro Gilberto de Freitas, irmão de Elizandra.

Natalina Vites Freitas recorda que a filha vivia, na época em que o acidente aconteceu, um momento de muita felicidade. Jacinto que lutava contra um câncer havia recebido um diagnóstico de cura dias antes.

“Ela era uma mãezona para todos nós. Apesar da pouca idade era cabeça demais”, recordou Natalia.

Enquanto Nicole sonhava em ser bailarina, João Vitor era apaixonado por animais e ajudava o avô com a lida na fazenda.

“Ele já tocava o berrante pro gado vir, era meu xodó. Ele não volta mais, a gente sabe que não volta, só Deus para fazer a gente sobreviver”, disse.

“Nós ficamos em uma cadeia, o sofrimento para nós é uma cadeia. A família unida que nós tínhamos separou tudo”, completou Natalia.

As investigações

Apesar de Valdir ter se negado a realizar o teste do bafômetro por duas vezes, a médica que o atendeu registrou em seu formulário que identificou “hálito levemente etílico” no paciente.

A Polícia, por outro lado, refez os passos de Valdir e identificou que ele passou a manhã do acidente, de posto em posto, consumindo bebidas alcoólicas.

Em imagens de câmeras de segurança ele aparece no primeiro posto, às 9h52, com uma latinha nas mãos, de boné e camiseta azul marinho. Em outro posto, às 13h17, vestindo outras roupas, ele aparece novamente com uma latinha em mãos.

O acidente aconteceu por volta das 14h na MT-208. O trecho é próximo de uma curva de difícil visibilidade e, apesar da proibição para realizar ultrapassagens, Valdir tentou realizar a manobra para passar um caminhão.

A colisão foi fortíssima, e os veículos ficaram completamente destruídos. Valdir fugiu sem prestar socorro e foi encontrado em um hospital particular.

O advogado Lucas Barella, que atua na defesa da família, alegou que pedirá a condenação por dolo eventual, ou seja, quando a pessoa assume o risco de causar o resultado morte.

A defesa de Valdir se manifestou apenas por meio de nota. “O cliente prestou toda a assistência e vem respondendo na Justiça o que lhe cabe”, disse.

Dois anos e meio depois ainda espera resposta da Justiça.

Fonte: Midia News

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